segunda-feira, novembro 27, 2006

:::Questão de Linguagem:::

QUESTÃO DE LINGUAGEM

Outra característica do texto das notícias, ao lado da estrutura descrita acima, é a linguagem. Ela deve ser, ao mesmo tempo, simples e correta, isto é, aceitável no registro formal da língua.
Em primeiro lugar, não se trata de uma escritura, à maneira dos textos de cartório ou das cartas comerciais. É uma linguagem sempre em elaboração, que envolve crítica constante de palavras e construções.
Em segundo lugar, a linguagem jornalística implica a tradução das palavras técnicas, de jargão ou regionalismos, usualmente empregados pelas fontes. Assim, viatura transforma-se em carro; fratura na perna em perna quebrada; região dorsal em costas; vou ir em vou.
Palavras técnicas, de jargão ou regionalismos, quando indispensáveis, devem ser definidas ou explicadas brevemente (para que o leitor saiba do que se trata, não como relato enciclopédico).
Embora em jornalismo impresso admitam-se períodos relativamente longos, com orações intercaladas, subordinadas etc., o importante é que o texto, no final, não apresente dificuldades de leitura. Construções do tipo "uma proposição por período" – consagradas, por exemplo, no jornalismo americano, que a Folha de São Paulo copia servilmente – não são as melhores, no português escrito, porque tornam o enunciado entrecortado e monótono. Podem ser usadas, quando muito, para elevar a tensão dramática em alguns momentos.
A teoria é que toda língua tem um conjunto de expressões e usos gramaticais próprios do registro coloquial e outro conjunto de expressões e usos gramaticais próprios do registro formal, isto é, que se usam em situações sociais tensas. Os dois conjuntos são secantes; é na interseção deles que se encontra a base da linguagem jornalística – expressões e usos gramaticais corretos, isto é, aceitáveis no registro formal e, ao mesmo tempo, possíveis no registro coloquial.